Balsa é incendiada em Prainha

Comunitários da região do rio Uruará em Prainha, município às margens do rio Amazonas, no Pará, atearam fogo em uma balsa carregada com toras de madeira extraídas ilegalmente da região.

O episódio ocorreu anteontem.

O conflito aconteceu na comunidade Santa Cruz, que fica a uma hora e meia de lancha rápida da cidade. Segundo o Conselho Popular da região do Uruará, mais de 12 madeireiras exploram a floresta ilegalmente e usam o rio Uruará para transportar as toras até o rio Amazonas sem que as autoridades façam algo de efetivo.

O estopim do confronto foi a morte de um jovem da vila de Santa Maria do Uruará, há um mês, atropelado por uma carreta de uma das empresas. Como resposta, os comunitários bloquearam o rio Uruará e detiveram cinco balsas com madeira ilegal, que foram depois apreendidas pelo Ibama.

A madeireira Tigre e Timber chegou a apresentar documentos (DOFs), mas eles não respaldavam as cargas.

Renascer

Boa parte da região é reivindicada pelas comunidades para a criação da reserva extrativista (resex) Renascer. A área é vizinha à resex Verde para Sempre, localizada no município de Porto de Moz.

De acordo com o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do governo federal, a resex Renascer deveria ter sido criada entre 2005-2006 e até agora não há previsão para a sua criação.

Parte das madeireiras que operam na região exploravam ou compravam madeira ilegal da área vizinha em Porto de Moz, mas depois da criação da reserva, em dezembro de 2004, e de sucessivas operações de fiscalização, a exploração ilegal de madeira ali caiu consideravelmente.

A falta de passos concretos na criação da resex e do combate a madeira ilegal contribuem para o quadro de conflito. Autoridades locais, como o prefeito da cidade, Joaquim Vieira Nunes (PSDB), são contra a criação da reserva ou qualquer medida conservacionista e não escondem seu apoio aos madeireiros.

Protestos

Para piorar, a polícia local tem dado cobertura aos madeireiros nos últimos meses. Mesmo sendo madeira ilegal, policiais militares acompanham o transporte das cargas nos barcos-empurradores ou liberam as balsas apreendidas pelos comunitários durante os protestos. Os comunitários temem retaliações, já que várias lideranças já foram ameaçadas de terem suas casas incendiadas.

A pedido das comunidades, o Greenpeace esteve na região e documentou a intensa retirada de madeira. Mais de mil quilômetros de estradas ilegais construídas por madeireiros já interligam os municípios de Uruará, Placas, Medicilândia, Santarém e Prainha.

Para o Greenpeace, só a presença constante do Estado e o fortalecimento dos órgãos do governo que atuam na região – como Ibama, Incra, Polícia Federal – poderá garantir o futuro da floresta e os direitos das comunidades locais.

Fonte: Greenpeace

Comentários

Anônimo disse…
Será que vamos ter um novo movimento "Fora Greenpeace" no município de Prainha? Com carros adesivados e agressões aos comunitários e movimentos sociais?

Fora Greenpeace!
Anônimo disse…
Jeso, há 14 anos estive na região de Santa Maria do Uruará e o problema já estava instalado.
É praticamente impossível uma solução pacífica.
O governo esteve ausente durante muito tempo, o que possibilitou o fortalecimento(enriquecimento) desses coronéis da extração ilegal em todo o estado.

Lembro-me que ficava observando ao longo da estrada que liga os municípios de Boa Vista do Cuçari e Santa Maria do Uruará, castanheiras centenárias condenadas ao abate indiscriminado que esses madereiros insanos promoviam, e o transito intenso dos caminhões madereiros abarrotados de madeira oriundas de extração ilegal. Tudo acontecendo sem que ninguém os incomodasse.

Não sou contra a extração madereira e nem que se tire da floresta as riquezas que ela oferece. Mas temos que ter diante da questão ambiental uma preocupação primária que é o compromisso com o futuro: da floresta; das gerações; e mesmo o nosso próprio futuro.

Sem essa de que a floresta é o "pulmão do mundo"!
Esse conceito transforma a floresta em uma espécie de organismo com características heroínas, como se fora inabalável.
Sabemos que não é assim. A floresta é vulnerável. Tanto que na divisa com o estado do Maranhão há uma imensa área(equivalente ao estado do Paraná) condenada a desertificação.

Há muito o que fazer e é nosso dever não mais assistr a tudo inertes, como se o problemas não nos atingisse. Nossa complacência já durou tempo demais! Do contrário outros virão defender o bem que temos, intervindo na nossa incapacidade em preservá-lo!


Celson Luiz - Manaus