Eleitos Lula e Ana, pressão neles!




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:

E agora, José? A festa acabou, o barco se foi, a noite chegou, e agora, José? Parafraseando o poema de Drumond, dizemos nós hoje com os resultados das eleições. A população ouviu as inúmeras promessas dos candidatos e decidiu quem deve ser o novo presidente da República e, no caso do Pará, quem deve ser a nova governadora para os próximos quatro anos.

Não se pode queixar de fraudes, o método de votação e apuração foi um avanço impressionante em tecnologia. O tribunal eleitoral marcou época.

Agora, quem foi rejeitado pela maioria do eleitorado pode estar chorando e conferindo os prejuizos financeiros e o desgaste de sua imagem, que não convenceu os eleitores(as). Já os dois eleitos, tanto o presidente Lula quanto a governadora Ana Júlia, têm muito que avaliar, após a festa da vitória.

Foram feitas muitas promessas, arriscaram sua credibilidade perante milhões de brasileiros, que, mesmo desgastados com a política e os políticos, os elegeram, numa manifestação de confiança.

Muitas das promessas foram conversa de campanha, mas várias delas são prioridades que a população irá cobrar rigorosamente. Os rejeitados, certamente, foram porque não cumpriram promessas no passado e nem inspiraram confiança. Os dois eleitos precisam provar que têm compromisso com toda a nação e o Estado, mas mais compromissos têm com a massa populacional que os elegeu.

Lula não pode mais, neste segundo mandato, querer agradar a ricos e pobres. Com uma mão dar o Bolsa Família e com a outra abrir o tesouro para banqueiros, industriais e agronegociantes. Foram os pobres e parte da classe média mais esclarecida que o elegeram. Ele não pode traí-los.

Já a governadora Ana Júlia foi eleita também pelos pobres, em especial a população do Oeste do Pará. Também ela não pode fazer o jogo das minorias, que sempre se beneficiaram dos políticos de plantão, os madeireiros, os latifundiários, as empresas mineradoras e o agronegócio.

Ana Júlia tem muito para marcar seu nome na história do Pará. Mais do que por ter sido a primeira mulher eleita governadora do Estado, ela tem compromisso com os pobres deste Estado rico que só tem beneficiado a elite econômica.

Mas a população não pode cruzar os braços e esperar o milagre. Se não houver união, organização e pressão, nem o Brasil, nem o Pará serão diferentes do que tem sido. Os poderosos já estão se armando para agir. Os pobres e os que têm um pouco de consciência crítica precisam urgentemente se unir, se organizar e agir para fazê-los cumprir as promessas.

Sem pressão não há solução.

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