Butantan, mais um saque da Amazônia




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

Morrer é um acontecimento inevitável para todo ser vivo, embora possa ser distanciado. Os humanos são os que mais sofrem antecipadamente com a inevitabilidade da morte, por saber que vai morrer. Para uns, é a passagem para a vida sem morte. Para outros, é um momento de medo e incerteza, pelo que vem na frente.

É verdade que há alguns que dizem não ter preocupação, são os durões e os insensatos que abusam dos limites da vida.

Porém, uma morte prematura é um absurdo, embora frequente. Afinal os seres humanos foram feitos para durar normalmente 80 ou 90 anos, se bem cuidados. A morte por uma picada de cobra venenosa é um choque maior, para quem vai morrendo rapidamente e para quem assiste ao drama, muitas das vezes impotente pela distância da cura.

Um jovem sadio, trabalhando na roça, de repente uma surucucu lhe pica o calcanhar, que desespero. Ela não tem culpa, apenas se defende, não é perversa, mas causa tristeza.

A vida é tão preciosa que não pode ser arriscada graciosamente, como fazem os loucos de volantes ou de drogas. Ao falar de picadas venenosas de cobra, chega hoje uma boa notícia: a presença do Instituto Butantan em Belterra e Santarém.

Certamente, a presença dele é porque, de um lado, deve trazer boa notícia; de outro, porque há tantas cobras venenosas na região que são uma fonte fértil de material para fabricação de soro antiofídico.

Hoje, até já se fabrica o soro em pó, o que é mais ainda alvissareiro para longínquas regiões, sem eletricidade e geladeira para consevar o soro líquido. Alto Arapiuns, Moju, Curuatinga, Várzea, Lago Grande do Curuai, incluindo também mais localidades mais longe ainda, como Faro, Trairão e demais áreas rurais.

Certamente ficarão agradecidas ao Instituto Butantan pela sua presença aqui na região, trazendo o soro em abundância, em troca da oferta da matéria-prima, as cobras venenosas. Pelo menos é o que se espera, que o laboratório prometido para ser instalado em Belterra sirva para produção do soro em abundância.

Nota pós-publicação do editorial: hoje à tarde chegou a parte obscura da presença do instituto na região. A reportagem da Rádio Rural ouviu um dos técnicos e ele esclareceu que o que haverá aqui será apenas coleta e análise da matéria-prima e para depois levarem para o Rio de Janeiro e lá fabricarem o soro. Mais um saque da Amazônia. Daqui tudo se leva e pouquíssimo se devolve. Portanto, mesmo com o instituto instalado em Belterra não se surpreenda se daqui a pouco venha a falecer mais gente no interior por falta do soro salvador. Alegria de pobre, continua sendo ilusória!

Comentários

Anônimo disse…
Pe Edilberto, o senhor é um falacioso. Seja mais coerente. Pelo menos não vote em quem está coligado com o assassino dos sem-terra.
Anônimo disse…
Muito ruím esse editorial do Padre Edilberto.
Alem da evidente confusão sobre questões que não tem nada a ver uma com a outra, reflete uma total ignorância sobre o Instituto Butantan e suas atividades.
Pior de tudo é o pano de fundo do Editorial que não consegue esconder uma alta dosagem de Xenofobismo, ou de regionalismo tipo casseta e planeta.
Anônimo disse…
Padre Edilberto, pegue os 3 primeiros parágrafos e troque picada de cobra por Andar de Moto.

Verifique quantos jovens morrem ou ficam incapacitados ao se acidentarem com motos e compare com os acidentes com animais peçonhentos.

A respeito do final em que o veneno sai da "amazônia" e volta em forma de soro, compare com o fato de que 90% das motos prduzidas no Brasil saem da mesma amazônia...

Ambos saem da amazônia, ambos voltam, um mata e o outro salva, infelizmente não nas mesmas proporções.

E aí? o problema é da onde sai o "veneno" ou é da falta de cuidado de quem se acidenta?
Anônimo disse…
totalmente sem noção...

Esse padre acha que fazer vacina ou soro antiofídico é só pegar o veneno e bater no liquidificador?

E ainda fala que o fato de levar o veneno e voltar com a vacina é um saque... Quanta besteira! Saque é tirar ouro e jóias dos índios e aí sim, não voltar nada. Vá ler sobre o assunto primeiro antes de sair espalhando coisas ridículas pelo rádio. O sr. precisa ter responsabilidade no que fala.

Essa mania de criticar por criticar sem ter conhecimento científico dá nisso. Um festival de bobagens e uma bela oportunidade de ficar calado.

Se for pra falar alguma coisa, parabenize o Butantan por AINDA estar aqui, mesmo depois do chefe do instituto ter sido ignorado pela prefeita de Santarém e ter tido a sorte de encontrar alguém consciente como o prefeito Pastana de Belterra que viabilizou o processo.

Coisa de mentalidade pequena. Quando não tem reclama, quando finalmente chega alguma coisa pra beneficiar justamente a população carente vem esse tipo de gente com criticas mesquinhas e fúteis. Ê terrinha hein!
Anônimo disse…
Oi, Jackson Almeida,
li seu comentário meio raivoso ao editorial sobre o Butantan. Li novamente o editorial pensando, que bobagem fiz e disse para o ilustre biólogo se sentir indignado? Será que não me expressei claramente, ou deixei ambiguidades para o biólogo furioso me ralhar assim? Li, reli e pensei que, ou sou de fato muito mesquinho ou fútil nas minhas críticas? serei assim tão irresponsável? Bom, decidi comentár seus sábios comentários. Leia o que escreveu e faço minha explicação:

a) ...acha que fazer vacina ou soro aníofídico é só pegar o veneno e bater no liquidificar? - Não, Jackson, não sou tão simplório assim. Pensava que o Instituto butantan, que está anunciando a construção de uma base em Belterra para pesquisa de animais peçonhentos, sem mais explicações, iria incluir nas pesquisas, também laboratório de produção do soro. Eu, não sou biólogo, nem técnico do Instituto, mas já vi famílias arrazadas, especialmente lá no Lago Grande do Curuai, quando lá morei e trabalhei por sete anos, por verem parentes morrerem de repente, picado de cobra venenosa, por falta do bendito soro antiofídico (que não é culpa do Instituto, claro). Por que não um laboratório também? Se a tecnologia é dominada pelo instituto e este é um órgão do Estado Brasileiro, e usa dinheiro público.

b) " E ainda fala que levar o veneno e voltar com a vacina é saque..." Oh! Jackson, leia bem o que escrevi, sem presunção e sem sentimento ferido e verá que escrevi o seguinte: " ...o que haverá aqui é apenas a coleta e análise da matéria prima para depois levarem para o Rio de Janeiro e lá fabricarem o soro. Mais um saque da Amazônia." Esse lamento do saque é justamente porque há pouco tempo se dizia aqui em Santarém, que não poderia mandar o soro para o Lago Grande do Curuai porque estava em falta. Ora, não sei se você é um amazônida, ou um carioca por aqui fazendo pesquisa.
Se for amazônida e tiver vivido no meio rural, onde as cobras vivem e frequentemente picam pessoas, você perceberá a angústia de quem convive com essa conjuntura, em saber que há uma fábrica de produção de soro antiofídico brasileira, que terá uma base próxima, na região, e descobrir que o instituto só vem fazer pesquisa com a matéria prima.

c) " O sr. pecisa ter mais responsabilidade no que fala..." Pô! esse foi um chute na ilharga, manera parente! Acha que faltei com a responsabiliade? Poderia eu dizer o mesmo de você, quando lê equivocadamente o que escrevi. Mas não o farei, afinal todos nós estamos em risco de escrever e de ler equivocadamente ou até cometer erros. Porém, você deve saber que minhas crônicas são feitas a partir de notícias que chegam na nossa emissora. As notícias podem ser equivocadas, ou incompletas, inclusive pela fonte de informação. Além da notícia, me baseio nos meus estudos, leituras e convívio com a realidade de meu povo e minha região. Procuro ser reponsável com o que escrevo, o que não significa que não tenha errado algumas vezes. Mas, como diz um grande educador, as idéias e as informações são para serem discutidas e evoluídas. Ningueém é dono da verdade, menos ainda eu.

d) "...quando finalmente chega alguma coisa para beneficiar justamente a população carente..." o editorial começa justamente alegre pela chegada do Instituto aqui, por que me parecia que viria para beneficiar os mais carentes. É só ler novamente o editorial. A decepção veio após transmissão do editorial pela emissora. Foi quando chegou um esclarecimento que o Instituo estaria em Belterra apenas para fazer pesquisa. Ora, em que isso virá trazer benefícios para os carentes, Jackson? Pesquisa se pode fazer onde há matéria prima, pode ser no Piauí, em Cascavel, no Paraná, em São Gabriel da Cachoeira, ou em Belterra, sem que isso signifique aumento de soro antiofídico na região. Daí meu lamento final. O saque pode acontecer sim, como tem acontecido com a madeira, a bauxita e outras matérias primas da Amazônia.

Finalmente, a presença do Instituto Butantan em Belterra, se não vai produzir o soro lá vai pesquisar as cobras e reitrar o veneno e levá-lo para a sede no sul, se então nos abastecerá com o soro permanentemente como parceria e contrapartida aí sim. Mas falta ainda essa informação. Se você a tiver, Jackson nos dê a alegria de partilhá-la. No mais, vamos continuar o diálogo aberto. Um abraço do padre Edilberto
Anônimo disse…
É triste perceber que ultimamente Pe. Edilberto Sena não tenha dado uma a dentro. Fala mau de todo mundo e do mundo todo... parece ou pelo menos dar a entender que ele só conhece Lago Grande do Curuai, só fala aquilo que ouviu ou disseram. Faça mil favor né??
Você sabia que o discurso desse padre é só papo???

Faz muito tempo que sei ibope caiu padre e tá usando essa tal de frente pra se promover,pois deixou as outras ong´s de lado qdo deixaram de ser burros de cargas. Usa a Radio pra se promover.
Tá ficando um chato, mesmo