Pelo fim do desfile marcial




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de ontem:

Uma boa idéia a do professor que propõe o fim do desfile marcial de estudantes no Dia da Pátria. Uma parte da população pode até achar estranha a proposta, por causa da tradição, aliás, tradição militarista da República brasileira, desde o início. Mas pensando bem, o que tem a ver, Dia da Pátria com desfile marcial de jovens civis, estudantes?

Faz sentido, talvez, as Forças Armadas sairem às ruas com suas armas, clarins e organização militar. Afinal, são para defender a pátria. Estudantes, no entanto, devem ser educados para serem cidadãos e cidadãs, aprendendo a ser solidários com os colegas e com toda a sociedade. Como diz a cantiga, "aprender que somos todos iguais, braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos e construções".

Pátria é um símbolo de unidade, partilha, respeito à dignidade sua e dos outros. Não tem nada a ver com tambores rufando, demonstrações marciais e continências inócuas. Ainda mais quando a pátria está vivendo uma fase de desigualdade social escandalosa, carência de dignidade de tantos homens e mulheres públicas, que dão maus exemplos à juventude.

A pátria está doente e precisa de ações civis, civilidade, ética e resgate da solidariedade pública. Por isso, no Dia da Pátria faz mais sentido o Grito dos Excluídos, do que o grito do Ipiranga.

É preciso sim, celebrar o Dia da Pátria, mas não alimentando a idéia de que ela está segura porque jovens marcham nas ruas de peito erguido, cadência nos pés ao rufar dos tambores e sons das fanfarras.

Está faltando mesmo um novo grito de independência ou morte nesta pátria amada.

Comentários

Anônimo disse…
OXUM

Caro Edilberto:
Permita mais uma vez opinar sobre o teu editorial. A muito eu venho pensando sobre o dia 7 de setembro e as solenidades de desfile de colégios e de militares. Acho que as datas são momentos de festas e de reflexões. Tudo bem que sacrifícios são importantes serem feitos pela pátria e nesse sentido o povo brasileiro sempre fez a sua parte, mas o que fazem com os nossos alunos no dia 7 é brincadeira. Os alunos ficam no sol tórrido, muitas vezes obrigados pelas direções das escolas a serem cívicos. Eu sei que a reflexão é mais profunda quando escreves sobre a necessidade de usarmos a data para refletirmos os momentos e a realidade do Brasil. Mas vale também como um dia de festa (sem Xande e KLB, é claro). Em outros países o dia da independência é comemorado com o povo. Acho que os militares podem continuar a marchar e quem quiser vai ver. Bem que poderíamos ser mais corajosos e começar por exemplo a mudar o horário do desfile para a noite. No próximo ano já subistituiríamos as barulhentas e incômodas fanfarras por shows musicais e gincanas envolvendo as escolas dentro da temática social, econômica e ambiental por exemplo. O importante é que mudemos essa ideia única de festejos militares no dia da independência até porque o povo dançando é mais bonito que o povo marchando. Parabéns!
Anônimo disse…
Padre Edilberto Sena, o senhor quer mesmo uma estátua e seu nome nos livros de história da região. Não se esforce tanto o senhor já tem (o Bacá, o Jader, O Leandro tem) não se preocupe. A festa da semana da pátria é uma festa popular ,já foi obrigado, mas faz tempo que se fez assim como está,(assim, como rezar, que agora, pra quem gosta, é espontâneo). É que o senhor não vai por lá pra ver que não tem nada de obrigado. Pergunte a seus ex companheiros do PT, eles se espantaram quando após a vitória do Lula e da Maria, começaram a prestigiar os trabalhos de um número imenso de jovens, que poderiam estar nas drogas, estão ensaiando para brilhar na semana da pátria diante de uma platéia, que mesmo sem infra-estrutura, está, sem ser obrigada, pronta para aplaudir um show de música, seja ela só percussiva ou musical. Já se passam em muito os anos em que toca-se pelas ruas músicas populares e não Marchas Militares (pergunte a seu ex-companheiro Chico Buarque). Mas tem uma coisa que o senhor talvez tivesse que nascer de novo para se ver completamente feliz. Não, não é o povo todo com saúde, moradia etc. O passado já foi feito e não será nunca mais possível refaze-lo. Nós não vamos nunca marchar por Fidel e graças a Deus; Che, Dirceu, Genuíno, não conseguiram fazer deste Pais uma enorme Cuba.Esse recalque faz parte desse seu pensamento retrógrado corporativista.Isso realmente não tem solução.
Muitos países, quase todos, festejam sua independência, é festa mesmo, que em forma de marcha, e que poderia ser em forma de procissão, de Umbigada, de corrida de Cavalos, conforme a cultura local (que sabe-se lá como começou) tudo é festa.Quem gosta de palanque é autoridade, o Povo gosta de música, dança, coreografias etc.Vá lá, assista, e depois use o segundo tempo para sua reflexão.Vá, é sério, ninguém vai lhe censurar por que o Senhor falou a .vida toda contra, os PT`s estarão todos lá Talvez, para Senhor, uma pessoa acostumada a dar conselhos, seja hora de rever os seus conceitos.
A gente não quer só comida
A gente quer comida diversão e arte.(Titans)
Anônimo disse…
Não vá não padre Edilberto. Não perca o seu tempo. Tudo é a mesma coisa da época do Ronaldo, Ronan, Rui, Lira Maia e agora Maria do Carmo. E não se espante se eles ano que vem resolverem mudar (algo difíciu)e trazer atrações nacionais (pelo amor de Deus nâo tragam o XANDE e o KLB é uma afronta ao civismo). Mas tudo Bem, já que marchar é uma forma civil de festejar, que tal este ano os Botos de Alter do Chão marcharem nas 03 noites do Sairé (ou çairé) ao som das barulhentas e incovenientes fanfarras (a única que ainda podemos ouvir qualidade musical é a do Dom Amando - não estudei lá). Já imajinaram o Boto vermelho entrar com o toque de entrado ao som do estupro musical da banda do Frei Ambrósio? ou a moça do lago encantado entrar carregando uma taça do campeonato de futebol de salão do bairro da escola fazendo coreografia com bambolê? Ah! E tudo isso marchando! è muita falta de gosto. Aliás gosto é ........
Jota Ninos disse…
Concordo com a linha defendida por Edilberto e já me manifestei sobre este tema em artigo escrito no Diário do Tapajós. O artigo pode ser lido no meu blog (www.jotaninos.blogspot.com), sob o título: "Patriotismo brasileiro: entre patriotadas e patriotices"