Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:
O BRASIL é considerado um país democrático. Tem uma Constituição considerada uma das mais modernas no mundo. É livre, neste país democrático, o direito de toda pessoa ou grupo expressar suas idéias. Mas em Santarém, essa democracia ainda depende do humor e interesse de quem está no poder e na polícia.
Isso se revelou mais uma vez durante a inauguração do espelhinho doado pela multinacional à sociedade santarena, ontem pela manhã. Um grupo da sociedade quis manifestar sua crítica à subserviência da prefeitura ao poder econômico ao festejar a inauguração de uma biblioteca doada pela empresa.
O grupo Frente em Defesa da Amazônia compareceu ao evento com uma faixa de protesto. Não gritou, não agrediu ninguém, só levantou silenciosamente a faixa durante o evento.
PRIMEIRO ATO da pseudo-democracia: o secretário de governo, ex-militante do movimento popular, chegou ao grupo e falou que não era hora para protestos, mesmo com faixas. Mas, que o grupo tinha direito de se manifestar contra, não ali naquele momento.
O simpático secretário de Governo talvez não tenha se dado conta do ridículo de seu comportamento. E mais, chamou a Polícia Militar.
Segundo ato da pseudo-democracia santarena: a polícia prontamente obedeceu ao secretário. Chegou e usou de truculência e abuso de poder do cassetete. Agrediu o grupo que protestava e arrastou na marra as pessoas portadoras da faixa, inclusive jogando ao chão uma das militantes.
NO QUARTEL lhes ensinam estranha lição: manter a ordem no povo e o progresso para o capitalista. Talvez não saibam os policiais que a empresa Papai Noel, que doa uma biblioteca ao município, está condenada pela Justiça Federal, por crime ambiental.
Por que, então, a polícia garante o direito de uns e viola o direito de outros? Certamente porque a democracia em Santarém é ainda documento escrito, mas não praticado. Como diria o secretário de Governo, não é toda hora que se pode exercer democracia...
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