Não ao Greenpeace!
Jubal Cabral Filho (*)
ESTAMOS ouvindo, lendo e discutindo moções de repúdio constante às ações do Greenpeace na nossa região. Todos os dias e por todos.
Assim como muitos empresários das indústrias, serviços e do comércio local não querem estas ações radicais, eu também não quero as ações desta ONG em nossa região. Eles nos atrapalham constantemente. Impedir que sejam embarcados os produtos naturais que são produzidos em nossa região é um crime sem precedentes. E eu abomino estas ações.
Como coibir os agricultores ou mineradores por seu trabalho justo e legal? Como não remunerar seu trabalho árduo e, ao mesmo tempo, gratificante? Quem são estes atores ambientais que continuam a agir intempestivamente sem pensar na família que se desgasta nas intempéries amazônicas há décadas para produzir o seu e o nosso sustento? Quem está com a razão? Ou não existe razão?
É UMA situação complexa que precisa ser bem analisada para que não cometamos excessos nem sejamos punidos por ações injustas. No meu modo de pensar (e é bastante particular) ninguém tem razão. Nem o Greenpeace nem os produtores ou os aproveitadores da produção.
O Greenpeace luta, com todas as forças, economicamente poderosas, para que sejamos penalizados e não tenhamos nenhum crescimento econômico. Ou nenhum desenvolvimento econômico. Que permaneçamos nas trevas da produção econômica e que nossas terras e nossos trabalhadores continuem sendo manipulados política e economicamente pelos mais fortes, monetariamente.
A ONG permanece na sua luta por uma estagnação populacional, preservação natural integral e nenhum desenvolvimento econômico. E, neste ponto, está errada!
NÓS, AO mesmo tempo, não fazemos nada, absolutamente nada, para que as ações covardes e traiçoeiras contra nosso patrimônio mais valioso (a natureza) cessem imediatamente. Continuamos a aplaudir os devastadores de nossas florestas ou de nossas jazidas minerais em nome do faturamento anual do nosso e do empreendimento deles.
Continuamos a vender, sempre mais, àqueles que querem “colocar abaixo um pedaço de mato imprestável”, sem pensar que amanhã a terra será arrastada morro abaixo até os nossos rios. E estes transbordarão ou secarão continuamente.
O negociante quer, sempre, ouvir tilintar em seu cofre as moedas traiçoeiras da devastação ambiental. Poucas são as vozes que se levantam contra o “Predador” neste deserto, porque quem provoca o impacto ambiental não quer (ou não pode) promover as ações mitigadoras necessárias. Sempre esperamos que o vizinho jogue a primeira pedra.
E QUANDO ele se mexe, nós o criticamos.
Ocorrem as ações graciosas e irresponsáveis para calar a voz daqueles que tentam, como um Quixote Amazônico, formar um exército consciente (a la Brancaleone) para que mais benefícios sejam acrescidos a seu meio de vida. E estes poucos são atirados aos cães. Não adianta reclamar ao bispo, empresários!
Sugiro que se forme um exército ambiental/empresarial poderoso, com profissionais que possam orientar adequadamente, que substitua estas ONG’S tão incomodas para vocês, para planejar e treinar mais e mais pessoas para que a consciência ambiental seja perpetuada.
QUE SE combata a ação devastadora com ação corretiva adequada, mas que se oriente como se deve fazer. Proibir é muito fácil, mas encontrar as soluções é o nosso desafio. Nossa região é rica demais para que continuemos deitados eternamente em berço esplendido e deixemos que outras entidades venham usufruir o bem-bom.
Assim estaremos legando alguma forma ambientalmente natural, além de fotos saudosas, para nossos descendentes. E eles poderão, assim como muitos de nós, subir numa árvore, descer de um morro ou nadar em águas cristalinas. Tem que começar imediatamente!
As associações comerciais, sindicais e rurais devem, tem o dever, de criar a consciência ambiental tão discutida em público e execrada em particular. Juntas ou separadas, têm que mostrar a sua cara. Este é um legado permanente dos dirigentes atuais ou futuros.
OS EMPRESÁRIOS dos produtos da natureza anunciaram que vão se manifestar para mostrar que estão sendo injustiçados pelas críticas e ações das ONG’S. Que tal começar aprendendo como se protege ambientalmente o futuro? E ensinando àqueles que relutam em ficar à deriva da história?
Está na hora de montar acampamento, como faz o Greenpeace ou o WWF, para mostrar a eles e a nós que existem no meio, empresários preocupados e trabalhando ao desenvolvimento economicamente sustentável.
Quem dentre os empreendedores locais contratou ou contactou, nos últimos anos, com um auditor ambiental para saber como anda seu negócio? Talvez nem saibam que ele existe, tão grande é o seu desconhecimento sobre o assunto. E reclamam do padre!
QUEM procurou informações sobre a legislação ambiental que rege seus negócios? E ela é primordial para qualquer empreendimento, que provoque um incômodo ambiental seja permitido. E reclamam das ONG’S!
Se esperarmos alguma ação, dos governos ou dos políticos atuais seremos vergonhosa e covardemente derrotados. Eles também querem ouvir tilintar as moedas (da corrupção) em seus cofres. Os pedidos de ajuda serão lançados aos seus bolsos nas campanhas políticas, mas depois...
Vamos nos lembrar da lição da vara solitária e do feixe de varas. Lembram? Sem mover uma palha estamos à mercê dos aproveitadores e daqueles que não pertencem ao nosso meio.
Quem será o primeiro a recolher as pedras lançadas e construirá um muro sólido com elas?
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* Santareno, é geólogo e consultor ambiental. Reside em Belém.
Comentários
Certo que ele queira criticar o Greenpeace, com suas manifestações pirotécnicas, muitas vezes injustas e só possíveis pela montanha de dinheiro que a ong dispõe; certo que a Amazônia não tem condições de permanecer um santuário intocado, crucificando seus habitantes; mas criticar e defender melhor vida para a população não se justifica com o apoio aos mafiosos que destroem a Amazônia.
É possível criar condições para que a população tenha melhor qualidade de vida, que a região seja economicamente saudável, respeitando-se a vocação da região, que não é, como querem os recém-chegados 'empresários', com uma agricultura extensiva e predatória que já destruiu o Sul e o Centro-Oeste do País.
Temos muitas amazônias, muitas possibilidades de desenvolvimento econômico, o que falta é interesse em se estudar essas possibilidades e executá-las, sem ouvir o canto da sereia dos mercados internacionais, ávidos dos óleos e da madeira fácil.
Rota de Colisão
COMO SANTARENO (PARÁ)A FAVOR DA EXPLORAÇÃO SUSTENTAVEL E ÉTICA DA AMAZONIA E CONTRA A INTERVENÇÃO INTERNACIONAL DE ONGS, ESTOU SURPRESO E ENTUSIASMADO COM O INCIPIENTE MOVIMENTO DE REVOLTA NO OESTE DO PARÁ CONTRA OS AMBIENTALISTAS COM INTERESSES ESCUSOS (NÃO TODOS), JÁ QUE A POPULAÇÃO ENCONTRA-SE CADA VEZ MAIS INSATISFEITA COM A ATUAL POLITICA AMBIENTAL E A INTERVENÇÃO INTERNACIONAL PELO GREENPEACE. ESTE MOMENTO REFLETE AINDA UM ATUAL ESTAGIO DE AMADURECIMENTO E CONSCIENCIA DA POPULAÇÃO SANTARENA. SUGIRO A LEITURA DESTEs SITEs http://www.diariodopara.com.br/Tapajos/Dt_01.asp E http://www.alerta.inf.br COM EDITORIAIS COMO Santarém, paraíso de ONGs e urubus . GRATO.
EROS FERREIRA - MÉDICO
SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO
eros_ferreira@ibest.com.br
creio que a leitura do que o Jeso chamou de "Pensata" não foi feita com integralidade e atenção.
Em determinado momento você diz que a mineração é uma "atividade que não é nada justa e muito menos legal". Discordo. É legal, sim quando trilha todos os caminhos normativos: licenças minerais expedidas pelo DNPM e licenças ambientais expedidas pelo IBAMA e seus condecedidos, além das licenças comerciais. Justa? Também, porque o minerador investe tempo e dinheiro nos planos e tem que ter retorno. Ou será que você vai dizer que, da forma que é feita atualmente, o fabrico de gelo é legal? Quem compra o gelo em Santarém leva bastante microorganismos fecais "de grátis" e, consequentemente, uma caganeira sem fim. E o negócio do cara pode ser considerado justo e legal?
Quis, neste artigo dar a entender que os empresários deveriam se organizar, contratar pessoas capacitadas para lhes ensinar a proceder corretamente no meio ambiente. Leia no texto o seguinte: "As associações comerciais, sindicais e rurais devem, tem o dever, de criar a consciência ambiental tão discutida em público e execrada em particular. Juntas ou separadas, têm que mostrar a sua cara. Este é um legado permanente dos dirigentes atuais ou futuros".
Não adianta mandar pra escola um monte de gente e aplaudir os cursos superiores. Tem que produzir mercado de trabalho para eles. E os empresários fazem isso? Eu afirmo no texto: "Quem dentre os empreendedores locais contratou ou contactou, nos últimos anos, com um auditor ambiental para saber como anda seu negócio? Talvez nem saibam que ele existe, tão grande é o seu desconhecimento sobre o assunto. E reclamam do padre!
QUEM procurou informações sobre a legislação ambiental que rege seus negócios? E ela é primordial para qualquer empreendimento, que provoque um incômodo ambiental seja permitido. E reclamam das ONG’S!"
É verdade que faltam estudos sobre a Amazônia. Mas quando estes estudos ocorrem, os pesquisadores "escondem-nos" para preservar o ineditismo deles. Isto é trapaça com quem lhes deu e dá condições de promover os estudos. Eu próprio já solicitei um estudo e me foi negado pelo pesquisador, sob a desculpa de que pertencia à instituição que lhe pagou pra faze-lo. É certo isto?
É claro que esta situação vai perdurar por longos anos: empresários predadores contra ambientalistas. Então exorto os empresários sérios que "Está na hora de montar acampamento, como faz o Greenpeace ou o WWF, para mostrar a eles e a nós que existem no meio, empresários preocupados e trabalhando ao desenvolvimento economicamente sustentável".
Percebeu, caro anônimo, que gostaria de ter lido suas observações como um incentivo, aos e dos que moram em Santarém, Itaituba, Novo Progresso, Trairão, Rurópolis e outros municipios do Oeste paraense.
vamos trabalhar juntos para que nosso desenvolvimento sustentável seja lição ao mundo.
Estás comigo?
Ao Eros Ferreira,
legal que seja acrescido mais um nome ao desenvolvimento sustentável. Mas venha pra cá, amigo! Em São Paulo eles não precisam de braços fortes e idéias vibrantes.
A sede da ong tem que ser no coração da Amazônia!
Abraços atodos.
O looby ridículo dos "preo/cu(l)pados" com nossas florestas, rios e todo o ecossistema amazônico - "Fora o Greenpeace", é mais que uma mostra do poder, da ganância, de grileiros e de uma "gente preo/cu(l)pada" com nossa terra e nossa gente.
Muito me impressiona a genelaridade e incoerências do Sr. Jubal, geólogo, qdo diz que todos e todas estão repudiando a ONG ambientalista, que tem/teve a coragem de defender o que é nosso...que se expôe até à morte para dizer e gritar pela terra, pelos rios, pelos bichos...que criminosos sem escrupúlos assassinam, matam, depredam, acabam com tudo...no mínimo um acinte ao povo que luta, que acredita no desenvolvimento social que constrói, que melhora a vida da população...em pleno 10 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (19 trabalhadores assassinados)...
O seu discurso foi infeliz e de um teor muito mais antiambiental! Temos que continuar provocando mais comentários, aos que amam e lutam por essa terra, ainda nossa!!!!
Leíria Rodrigues
porque você quer o Greenpeace? Porque não fazer as ONG's locais serem expressivas?
E leia de novo o texto para entender o que disse.
Quantas vezes você fechou a torneira enquanto lava os cabelos?
Quantas vezes voce jogou um produto não perecível entre os materias orgânicos?
Leia, mais, moça para entender o que disse!
Teor antiambiental. Ora essa, você deve ser uma daquelas que acha que ser ambientalistas é subir em navios, impedir que se exporte e outras atitudes ridículas. Que tal ler o seguinte texto na net e aumentar seu conhecimento sobre o meio ambiente: "Quanto vale aquilo que não tem valor? Valor de existencia, Economia e Meio Ambiente", de Jorge madeira Nogueira e Marcelino Antonio Asano de Medeiros? Se quiser posso lhe enviar uma cópia deste e de vários outros trabalhos bastante interessantes.
Como disse acima ao Anônimo nº 1: "vamos trabalhar juntos para que nosso desenvolvimento sustentável seja lição ao mundo". Sem Greenpeace.
Acredito que essa pororoca de inquietações que teu texto trouxe era de se esperar, afinal, à tona valores sociais e culturais e muito mais...interesses econômicos gigantes.
Jubal, vou ficar esperando os textos!!!
Mesmo assim, continuo a ter minhas impressões!!!
Abç
Leíria