Pior que o soneto




Comentário/ editorial do padre Edilberto Sena no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM), de hoje:


BLÁ, BLÁ, blá, blá, palavras, com frases chavões, foi assim a entrevista do funcionário especial das Docas do Pará à Rádio Rural, ontem pela manhã.

O homem veio decretadamente de Belém para tentar explicar o inexplicável, o tal decreto presidencial sobre a área portuária de Santarém.

O presidente das Docas (imagine, presidente!), talvez por saber que induziu o presidente da República a um grande equívoco prejudicial à cidade de Santarém, mandou um subalterno que, além de fazer várias afirmações graciosas sobre vantagens de uma área portuária em Santarém com aquela abrangência imensa, falou outras coisas insensatas.

ELE PIOROU a imagem do presidente da República. Disse textualmente que o presidente Lula não fez nada de novo, apenas ratificou um outro decreto do tempo do general Geisel, isto é, ratificou um ato da ditadura.

Já imaginou a reação de quem ajudou a eleger Lula presidente, na esperança de um novo modelo de governo, voltado para o social e para a democracia participativa?

Então, o presidente apenas ratificou um ato da ditadura militar de 31 anos atrás.

NÃO PERCEBEU que o mundo evoluiu, que Santarém hoje tem 200 mil habitantes e sonha em ser cidade turística? Assinou um papel sem saber o que estava fazendo? Nem consultou seus e suas correligionárias locais? Menos ainda, a sociedade civil organizada?

O funcionário das Docas foi mais longe nas afirmações sem sentido. Disse que os críticos do decreto da área portuária desconhecem a realidade e o significado dele.

Chamar os críticos do decreto de Lula de ignorantes é se apresentar a Santarém como o dono da verdade e menosprezar a capacidade dos outros de interpretar textos oficiais.

ALIÁS, esse decreto só se tornou questão social, depois que alguns cidadãos de Santarém o descobriram pela Internet. Estava abafado. Aliás, a Companhia das Docas do Pará é a mesma que passou por cima da Constituição e arrendou parte do porto de Santarém à multinacional Cargill para construir seu porto particular, sem fazer o EIA/RIMA.

Este é só um exemplo do que vai acontecer no resto da área portuária de Santarém se os filhos e filhas desta terra continuarem aceitando esses decretos ratificadores da ditadura já extinta, sem reagir.

Esse emissário teria economizado dinheiro público se tivesse ficado em Belém. Para o presidente das Docas, o remendo ficou pior do que o soneto.

Comentários

Anônimo disse…
Quem não quiser o meu desprezo que fique longe do Ademir Andrade.
Pena que eu só tenho um voto...
mas tenho muitos amigos e vou trabalhar no sentido de impedir qualquer apoio a esta pessoa ou ao seu grupo.
Um santareno em Belém.