Projeto Juruti: "O lucro deve ser dividido"

Contraponto do geólogo e consultor ambiental Jubal Cabral Filho à versão da Alcoa, publicada ontem neste blog, sobre o Projeto Juruti.

Bom, tudo o que a Alcoa publica neste blog existe em seu site www.alcoa.com.br. como propaganda do Projeto. Continuo a afirmar que não existe nada de novo neste projeto, a não ser a constatação (descobri recentemente) que a CNEC é um braço da Camargo Correa, uma das contratadas para cuidar da infra-estrutura deste Projeto.

Sobre os comentários de audiência "técnica" na OAB, quero lembrar a cobrança da Dra. Eliana sobre a participação de técnicos paraenses ou radicados na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental. Só a afirmação de que participaram técnicos do Museu Emilio Goeldi, Universidade Federal do Pará, etc. não convence. Até porque estes pesquisadores têm contrato de trabalho regular com os órgãos e será interessante saber como foram liberados para trabalhar neste caso particular.

Os habitantes de Juruti Velho têm direito de continuar pleiteando reuniões, tantas quantas forem necessárias para convencê-los da "bondade" da Alcoa. O índice de participação dos moradores de Juruti é ínfimo (menos de 15% da população), se levarmos em conta que dos 300 participantes em Belém, os que são de Juruti estiveram nas audiências em Santarém, também, isto é, figuras carimbadas.

Os questionamentos levantados pelos Ministérios Públicos são bastante válidos e coadunam com o que afirmei: não é só deixar máquinas e equipamentos na região, seja por 5 ou 50 anos, mas preparar a população para gerir este maquinário. A Serra do Navio é exemplo latente disto: a empresa quer devolver e nem o Estado, nem o município de Serra do Navio quer de volta as velharias lá deixadas.

É hora de cobrar uma atitude mais realista com o desenvolvimento. Tenho certeza a "disposição de colaborar" deixada na reunião em Belém pelo sr. Superintendente e "aguardar compromissos oficiais" será levado ao pé da letra pelo Dr. Morais, do MPE.

Deixar para o Estado e Municipio as obrigações sociais que serão criadas pela implantação do Projeto é questão bastante discutível. Pelo menos uma parte do lucro deverá ser dividido para que este desenvolvimento seja considerado sustentável.

Comentários